Centro teatral no Rio de Janeiro presta tributo a método de Augusto Boal com programação gratuita

Augusto Boal - Foto: Divulgação

Em meados de 1971, o dramaturgo e diretor carioca Augusto Boal (1931-2009) deu início ao que seria a criação de um novo método de estudo e produção teatral. Intitulado Teatro do Oprimido, a técnica ganhou reverberação mundial e se tornou uma das maiores colaborações do Brasil para o jogo cênico mundial.

Instituído desde 2006 com o Dia Mundial do Teatro do Oprimido, o dia 16 de março ganhou a alcunha por ser a data de nascimento do diretor e dramaturgo que, se vivo, comemoraria 90 anos em 2021. E, tendo em vista esta data, o Centro de Teatro do Oprimido, no Rio de Janeiro, inicia um projeto de comemoração com uma programação gratuita de 12 horas.

Boal, que saiu de cena em 2009 vítima de uma insuficiência respiratória causada pelo quadro de leucemia, tem entre suas obras títulos importantes como o seminal Opinião, com Nara Leão (posteriormente substituída por uma então desconhecida Maria Bethânia), Zé Ketti e João do Valle, Arena Conta Zumbi (1965) e a histórica Primeira Feira Paulista de Opinião (1968) no Teatro Ruth Escobar, em São Paulo, entre outros títulos.

Confira abaixo a programação do Centro de Teatro do Oprimido, localizado no bairro da Lapa, zona central do Rio de Janeiro:

10h00 – Roda de conversa A gênesis do Centro de Teatro do Oprimido: animadores culturais nos CIEPs, com a presença de dois dos curingas que fundaram a instituição, Claudete Felix e Luiz Vaz.

11h00 – Helen Sarapeck e Olivar Bendelak falam sobre o período das experiências durante o Mandato de vereador de Augusto Boal. Da criação da técnica do Teatro Legislativo e aprovações de algumas leis por meio desta revolucionária dinâmica teatral.

14h00 – Geo Britto se junta a Helen Sarapeck para conversar sobre Sistematização do processo de Multiplicação e dos grandes projetos de capacitação que possibilitaram a difusão do método Brasil adentro e mundo afora.

17h00 – É a vez de Claudia Simone e Monique Rodrigues abrirem as falas para discorrer sobre os laboratórios de especificidades e do Laboratório Magdalena que ocasionou o Teatro das Oprimidas, uma revolução dentro do método do Teatro do Oprimido. Ou A revolução dentro da revolução, frase de uma das praticantes do método. Monique fala também sobre as Estratégias de Resistências de sobrevivência do CTO após a passagem de Boal e do contexto político com avanço da extrema direita.

18h00 – Os jovens Curingas oriundos da Maré, Maiara Carvalho, Gabriel Horsth e Eloana Gentil, falam sobre os Novos Rumos da instituição. A partir do projeto Teatro do Oprimido na Maré, a instituição passa a ter uma equipe oriunda prioritariamente de grupos populares. Equipe essa composta majoritariamente de mulheres, negrxs e faveladxs.

19h00 – Apresentação do novo colegiado. O Centro de Teatro do Oprimido passa a ter uma nova gestão. Dessa vez um colegiado formado por três pessoas negras. Uma revolução na instituição. Gabriel Horsth, bixa, preta, favelada da Maré, Maiara Carvalho, jovem da Maré oriunda do grupo Maré 2012, recém formada em pedagogia, e Eloana Gentil, mulher negra, oriunda de Niterói, recebem de Marcela Fárfan, Geo Britto e Alessandro Conceição o bastão para que a caminhada da instituição siga novos rumos contra as injustiças. Para essa atividade de passagem será feito o jogo do Teatro do Oprimido: Bola, bolhas e balões, com todas as pessoas presentes.

19h30 – A partir desse horário as atrações ficam por conta do Grupo de Teatro do Oprimido de Ponto Chic, formado por jovens de Nova Iguaçu, que apresentam a performance Julga meu cabelo Afro, abordando o racismo. Além de Ponto Chic o CTO, com integrantes do grupo Marias do Brasil apresenta performance sobre os desrespeitos que a categoria das trabalhadoras domésticas está recebendo da equipe do Governo Federal.

20h00 – Lançamento da 9ª edição da Revista Metaxis, publicação do Centro de Teatro do Oprimido que traz reflexões acerca do método. Essa nova edição da Metaxis aborda os dois anos do processo do projeto Circuito Teatro do Oprimido que contou com 10 grupos de teatro do oprimido de diferentes temáticas. O projeto contou com o patrocínio da Petrobras, através da Lei de Incentivo a Cultura da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado do Rio de Janeiro.

20h30 – Lançamento do novo site do Centro de Teatro do Oprimido, totalmente reformulado e com as transformações da instituição nos últimos cinco anos.

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