Coletivo Labirinto volta a investigar dramaturgia latino americana em ciclo de leituras encenadas

Cia. Labirinto em Argumento Contra a Existência de Inteligência no Cone Sul - Foto: Roberto Setton

Núcleo de pesquisa e criação cênica paulistano encabeçado por Carol Vidotti, Wallyson Mota, o Coletivo Labirinto retoma a partir desta quarta-feira, 18, as investigações acerca da dramaturgia e da criação cênica latino-americana (ampliada em agosto com a encenação de sua Antologia Dramática) com a estreia de Histórias de Nossa América, ciclo de leituras encenadas com transmissão online via Zoom.

O projeto busca investigar a produção dramatúrgica de nove países latino americanos ao longo da última década. O grupo expande e levanta pontes como países como Uruguai, Peru, Argentina, Colômbia, Chile, Venezuela, Equador, Cuba e, claro, Brasil com textos versionados pelos componentes do Coletivo Labirinto ao lado da diretora argentina radicada no Brasil Malú Bazán.

As leituras encenadas acontecem entre os meses de novembro e março de 2021 com transmissão via Zoom e conta com a participação de diretores e diretoras como Erica Montanheiro, Lavínia Pannunzio, Carlos Canhameiro, Rudifran Pompeu, Dagoberto Feliz, Joana Dória, Rubens Velloso e Janaína Leite,além da própria Bazán, que abre a programação assinando a encenação de Bonita, texto de Dione Carlos que traça um retrato sobre a cangaceira Maria Bonita (1911-1938).

Entre os autores selecionados estão Dione Carlos (Brasil), Tânia Cárdenas Paulsen (Colômbia), Mariano Tenconi Blanco (Argentina), Gabriel Calderón (Uruguai), Ana Melo (Venezuela), Arístides Vargas (Equador), Yunior García Aguilera (Cuba), Vanessa Vizcarra (Peru) e Claudia Rodriguez (Chile) e o elenco das encenações é formado por Abel Xavier, Carol Vidotti, Emilene Gutierrez, Fábia Mirassos, Jhonny Salaberg, Marina Vieira, Ton Ribeiro e Wallyson Mota.

Os ingressos são gratuitos e podem ser retirados perante um cadastro em formulários disponibilizados pelo Coletivo em suas redes sociais antes de cada leitura. Confira abaixo a programação completa do projeto Histórias da Nossa América:

18/11 – BONITA, de Dione Carlos – Brasil (2015); direção: Malú Bazán

A obra retrata a vida de Maria Bonita (1911-1938), mulher de Lampião. A relação da personagem com a sexualidade, a violência e o companheiro norteiam a trama e apresenta a participação das mulheres no Cangaço.

25/11 – EU QUIS GRITAR, de Tânia Cárdenas Paulsen – Colômbia (2017); direção: Érica Montanheiro 

A história de Nina e seu marido. Passando por zonas extremamente violentas, vemos a deterioração da relação do casal e a metamorfose de Nina, que vai se transformando em uma mulher que, pouco a pouco, devora seu esposo.

02/12 – A VIDA EXTRAORDINÁRIA, de Mariano Tenconi Blanco – Argentina (2018); direção: Lavínia Pannunzio

Duas vidas comuns. Sem grandes conquistas, histórias trágicas ou aventuras inesquecíveis. Aurora e Blanca são amigas de uma vida toda. Ambas de Ushuaia. Aurora é professora, se casa, tem um filho, um amante, um marido. E escreve poesia. Blanca é costureira, mora com a mãe, tem um namorado, depois outro, depois outro, sofre sempre. E também escreve poesia. Duas vidas comuns. Amizade e literatura como aparência do extraordinário. Talvez um milagre. Como a vida.

20/01 – IF – FESTEJAM A MENTIRA, de Gabriel Calderón – Uruguai (2018); direção: Carlos Canhameiro

Uma família perde o avô e terá dificuldades – sempre novas, sempre diferentes – para lhe dar um enterro decente. Nós, os sobreviventes, todos aqueles que ousam andar e viver nesta terra que enterra os milhões de mortos das gerações passadas, carregamos a herança de erros e problemas não resolvidos, somos a acumulação histórica de tudo que é negativo e de tudo que é positivo. Construímos um prédio grande com avós e bisavós mortos e moramos lá, sem saber dos horrores que cercam nossas paredes.

27/01 – SOPA DE TARTARUGA, de Ana Melo – Venezuela (2017); direção: Rudifran Pompeu

Traz a história de oito venezuelanos que se encontram uma noite em um bistrô parisiense. Cada um deles personifica – à sua maneira – a Venezuela e a carrega como um casco de tartaruga. Mas uma série de circunstâncias tensas e divergências os fará servir algo que não esperavam encontrar em suas mesas naquela noite. A obra é uma tragicomédia sobre a migração venezuelana e suas contradições, esperanças e frustrações.

03/02 – A REPÚBLICA ANÁLOGA, de Aristides Vargas – Equador (2010); direção: Dagoberto Feliz

“A república análoga” é uma comédia que conta a história de um grupo de intelectuais que, contrários à realidade que vivem em seu país, decidem formar uma nova república. Esse grande projeto será constantemente prejudicado por pequenos acidentes, entre cômicos e patéticos, que os farão enfrentar a realidade e as dificuldades para construir o país com o qual sempre sonharam.

24/02 – SÊMEN, de Yunior García Aguilera – Cuba (2012); direção: Joana Dória

Parte do decálogo “As 10 Pragas”, a trama de Sêmen gira ao redor de uma família disfuncional – uma mãe que já não está mais, um pai anacrônico e duas filhas que veem o assassinato e a prostituição como formas para tentar sair do país. A violência e o crime constituem um denominador comum da ação, que evidencia discussões e pontos sociais delicados. 

03/03 – LAPEL DUVIDE, de Vanessa Vizcarra – Peru (2017); direção: Rubens Velloso

Lapel nasceu com uma condição específica: toda vez que olha para o vazio, sente vontade de se lançar. Não se sente atraído pela morte, mas pela queda. Ele vive com essa condição, evitando todos os acidentes possíveis, mas está se tornando cada vez mais difícil. Lapel vive em uma cidade que está sob um regime político autoritário, a população está insatisfeita, entretanto é difícil rebelar-se.

10/03 – VIENEN POR MI, de Claudia Rodriguez – Chile (2018); direção: Janaína Leite

A obra nasce da necessidade de conquistar uma voz gestada há mais de 20 anos, fruto de um devir da artista transgênere Claudia Rodriguez cujo objetivo é incentivar a biografia de travestis, transgêneros e transexuais, fazendo disso uma ferramenta política para quem ainda não disse nada. “Vienen Por Mi” é um texto de poesia e denúncia, que traz um convite para perturbar a autoridade vigente de forma rude e coreográfica. É um ensaio inesgotável entre arqueologia, maquiagem e filosofia travesti, para propor metáforas que produzem pontes entre imagens e textos de xamãs, deusas, virgens, santas e loucas, num único corpo. Com: Fábia Mirassos.

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