No Dia Nacional do Livro, conheça 10 peças inspiradas em publicações literárias

Jardim de Inverno | Foto: Edson Kumasaka

Chega a ser sintomático uma peça de teatro ser adaptação de um romance, um livro de crônicas, um thriller ou qualquer outro gênero que apareceu, antes, numa publicação do ramo literário.

Portanto, no dia Nacional do Livro, o Observatório do Teatro elenca 10 peças e sucesso inspiradas ou adaptadas de livros. Adaptações de publicações clássicas como Dom Casmurro (Machado de Assis), O Cortiço (Aluísio de Azevedo) e Senhora (José de Alencar), entre outras, ficaram de fora da seleção por seu caráter educacional, montado geralmente para projetos voltados a escolas.

Confira abaixo nossa lista de 10 títulos adaptados de livros:

Nelson Rodrigues por Ele Mesmo (2014)

Nelson Rodrigues por Ele Mesmo | Foto: AG News

Baseado no livro homônimo editado por Sônia Rodrigues em 2012 com impressões de Nelson Rodrigues acerca de sua própria figura, o espetáculo nasceu como um possível monólogo que contaria com a direção de Fernanda Montenegro, mas, graças a problemas de agenda, acabou sendo protagonizado pela própria atriz, que promove uma leitura acerca da figura do clássico dramaturgo carioca. O espetáculo, em cartaz desde 2014, contará com única sessão em São Paulo no dia 18 de novembro no Theatro Municipal. Os ingressos custam R$ 5,00.

Jardim de Inverno (2019)

Jardim de Inverno | Foto: Edson Kumasaka

Em cartaz no Teatro Raul Cortez, e São Paulo, de sexta a domingo até o dia 17 de novembro, o espetáculo Jardim de Inverno, protagonizado por Andréa Horta e Fabrício Pietro é uma adaptação do livro Revolutionary Road, do romancista norte americano Richard Yates. O livro também deu origem ao filme Foi Apenas um Sonho, estrelado por Leonardo Di Caprio e Kate Winslet. Sob a direção de Marco Antônio Pâmio, “Jardim de Inverno” é a primeira adaptação teatral para a obra literária, e narra a trajetória de um casal de jovens burgueses que tentam lutar contra as amarras e as engrenagens sociais para mudar de vida. Os ingressos para a temporada custam de R$ 25,00 (meia) a R$ 50,00 (inteira).

Fim de Caso (2019)

Fim de Caso | Foto: Ale Catan
Fim de Caso | Foto: Ale Catan

Cumprindo temporada até o dia 17 de novembro no Teatro Oi Futuro Ipanema, Fim de Caso, adaptação de Thereza Falcão para o livro homônimo do romancista inglês Graham Greene, é um tratado sobre a construção dos estereótipos de relacionamento amoroso na metade do século XX, na qual um triângulo amoroso discute temas como ética, responsabilidade emocional, obsessão e o envolvimento tóxico. Sob a direção de Guilherme Piva, o espetáculo conta com elenco formado por Vanessa Gerbelli, Eriberto Leão e Isio Ghelman. Os ingressos custam de R$ 15,00 (meia) a R$ 30,00 (inteira).

A Casa dos Budas Ditosos (2003)

A Casa dos Budas Ditosos | Foto: Divulgação

Há mais de 15 anos em cartaz, o solo de Fernanda Torres é uma transposição fiel do livro homônimo de João Ubaldo Ribeiro (1941-2014) para os palcos. Sob a direção de Domingos de Oliveira (1936-2019), o solo traz para a cena uma baiana de 68 anos que narra suas aventuras sexuais ao longo da vida, e faz um tratado sobre sexualidade, moral, ética e a hipocrisia dos costumes sociais. O espetáculo rendeu a Fernanda Torres um Prêmio Shell, e volta em cartaz a partir do dia 01 de novembro, sexta-feira, no Teatro XP Investimentos, em curtíssima temporada até 10 de novembro. Os ingressos custam de R$ 60,00 (meia) a R$ 120,00 (inteira).

Misery – Miséria (2015)

Misery | Foto: Divulgação

A peça é baseada no suspense homônimo de Stephen King, adaptado para o cinema em 1990, que deu um Oscar para Kathy Bates. O livro foi adaptado para os palcos da Broadway em 2015 em controvertida montagem estrelada por Bruce Willis e Laurie Metcalf. A obra narra a história de um escritor que, após sofrer um acidente, vira refém de uma fã de sua obra, e tenta se safar antes que a admiração dela o leve a morte. No Brasil, o espetáculo deve estrear em 2020 e pode contar com Tarcísio Filho no papel que foi de Bruce Willis nos palcos. Uma versão brasileira ganhou os palcos em 2005, com Marisa Orth e Luiz Gustavo como protagonistas. 

Wicked (2016)

Wicked | Foto: Divulgação

Um dos maiores blockbusters da Broadway moderna, a história sobre os primórdios da terra de Oz (antes da chegada de Dorothy, em O Mágico de Oz) toma como base o livro Wicked – A História não Contada das Bruxas de Oz, de Gregory Maguire e narra a juventude de Glinda e Elphaba, a bruxa boa do norte e a bruxa má do oeste, respectivamente. Com canções como Popular e Defying Gravity, escritas por Stephen Schwartz, o espetáculo está há 16 anos em cartaz na Broadway e chegou ao Brasil em 2016, quando cumpriu temporada de sucesso em São Paulo, estrelando Myra Ruiz, Fabi Bang e Jonathas Faro. Uma temporada carioca estava prometida até o final do ano passado, contudo as mudanças na Lei de Incentivo a Cultura parecem ter inviabilizado os planos da produtora Time 4 Fun.

O Livro Ao Vivo (2019)

O Livro de Jô vol. 2| Foto: Divulgação

Lançados em 2018 e 2019, os dois volumes das memórias de Jô Soares, O Livro de Jô, renderam um solo em que o ator, diretor, instrumentista, apresentador, escritor e romancista narra, ao lado do jornalista Mathinas Suzuki Jr. alguns dos melhores momentos das memórias que passaram a limpo a história teatral e televisiva do Brasil no século XX.  espetáculo ficou em cartaz em curtíssima temporada no Teatro FAAP, e deve retornar em 2020.

Leite Derramado (2016)

Leite Derramado | Foto: Divulgação

Romance que deu o Prêmio Jabuti a Chico Buarque de Hollanda em 2009, Leite Derramado quase virou monólogo pelas mãos de Marília Pêra. Contudo, foi pela direção de Roberto Alvim que o espetáculo chegou aos palcos paulistanos em 2015 (ano da morte de Marília). Com Juliana Galdino na pele do centenário Eulálio, o espetáculo passou a limpo a história do Brasil e seu histórico de corrupção. Em meio aos ânimos exaltados causados pelo pedido de impeachment da então Presidente da República, Dilma Rousseff, o espetáculo foi ovacionado e recebeu as principais indicações a todos os prêmios voltados a teatro, além de ter consagrado Alvim e sa companhia teatral, o Club Noir, frente a classe teatral.

Vergonha dos Pés (2008)

Vergonha dos Pés | Foto: Divulgação
Vergonha dos Pés | Foto: Divulgação

Primeiro romance da escritora multimídia Fernanda Young (1970 – 2019), Vergonha dos Pés ganhou adaptação da própria autora e teve direção assinada por Alexandre Reinecke (que já havia dirigido outra peça de Young, A Ideia, no qual a escritora estreava no teatro como atriz) em 2008, numa montagem estrelada por Priscila Fantin e Danton Mello. Na obra, a jovem Ana, envergonhada por calçar 33, inventa uma série de histórias que sonha ver transformadas em livro, enquanto enxerga com desconfiança o interesse amoroso do jovem Jaime. Essa foi a primeira adaptação cênica de um livro de Young, que, antes de morrer, pretendia ainda adaptar para os palcos Tudo o que Você não Soube, O Pau e Aritmética, três de seus livros mais festejados.

Roleta Russa (2015)

Roleta Russa | Foto: Divulgação

Título seminal da obra do escritor carioca Raphael Montes, o livro Suicidas ganhou bem sucedida versão teatral em 2015, sob a direção de César Baptista. Roleta Russa, thriller sobre a relação de um grupo de jovens que decide jogar o famigerado jogo que dá título à adaptação, foi estrelada por nomes como Dan Rosseto, Emerson Grotti, Hélio Souto, Diogo Pasquim, entre outros. Outra adaptação da obra de Montes também chegou aos palcos, porém com menos alarde. Dias Felizes, sobre o caso de um sequestro aterrorizante, foi montado em 2017, também sob a direção de Baptista, mas não fez jus à obra do autor.  

Tudo o que eu Queria te Dizer (2011)

Tudo o que eu Queria te Dizer | Foto: Divulgação

Considerado um dos livros mais ambiciosos da cronista Martha Medeiros, o título, lançado em 2007, inspirou um monólogo estrelado por Ana Beatriz Nogueira sob a direção de Victor Garcia Peralta, em 2011, que, por quase sete anos, viajou o Brasil narrando as histórias de seis mulheres diferentes.Emílio Orciollo Netto levou à cena uma versão masculina do espetáculo, intitulado Também Queria te Dizer – Cartas Masculinas, também sob a direção de Garcia Peralta.

Tudo o que eu Queria te Dizer foi uma das mais bem sucedidas adaptações dos livros da cronista porto alegrense, ao lado da excelente Divã (2007), protagonizado por Lília Cabral, e Doidas e Santas (2010), com Cissa Guimarães. Outros títulos da bibliografia da gaúcha chegaram a ir para os palcos, como A Graça da Coisa, Feliz por Nada e Simples Assim, mas sem o mesmo sucesso.

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