Kiko Rieser estreia na comédia com peça sobre corrupção, manipulação de poder e negação política

Kiko Rieser - Foto: Heloísa Bortz

Dramaturgo, diretor, produtor e escritor, Kiko Rieser se prepara para estrear na seara da comédia com a montagem de Zé Presidente, texto autoral no qual traça uma crítica sobre a manipulação de poder, a corrupção e os males surgidos do da negação da política pela sociedade.

Na comédia, Rieser narra o processo de eleição de José Clóvis, um homem vindo da camada mais baixa da sociedade e sem nenhuma ambição política, social ou profissional. “A personagem é um vendedor de cortinas que não quer crescer no trabalho, não quer ter responsabilidades e não se importa com a política”, conceitua o autor.

Graças a essas características, o homem se torna o alvo perfeito para o projeto de poder de um grupo formado por um presidente de um partido político, o dono de um jornal poderoso na grande imprensa e um empresário, que manipulam o rapaz através de sua ex-noiva para lançá-lo candidato. 

“A personagem é um paradigma da mediocridade sem opinião, sem visão de mundo consolidada, é conformado com a vida que leva, ele representa, nas palavras do marqueteiro, a população o país, a parte que não quer pensar e se vê obrigada a escolher entre lados mais fáceis e se polariza. É uma crítica a como o poder corrompe, mas também aos males da alienação política”, diz Rieser.

Ainda sem data para estrear, mas já em processo de pré-produção, Zé Presidente dá continuidade a prática de montagens de grandes comédias com sátiras políticas, comuns no Brasil em meados dos anos 80 e 90, mas que foi rareando com o passar das duas últimas décadas.

Títulos como O Bem Amado, de Dias Gomes, Caixa Dois, Às Favas com os Escrúpulos e, mais recentemente, Mãos Limpas, de Juca e Oliveira, e Sua Excelência, o Candidato, de Marcos Caruso e Jandira Martini são alguns dos títulos mais famosos da seara.

O elenco contará com o vencedor do Prêmio APCA Iuri Saraiva (o marqueteiro), Heitor Goldflus (presidente do partido), Ricardo Ripa (empresário), Gustavo Trestini (o dono do jornal), Luciano Gatti (o candidato), e Michelle Boesche (a ex-noiva).

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