Artur Xexéo sai de cena em pleno ápice de maturação dramatúrgica

Artur Xexéo | Foto: Divulgação

A repentina saída de cena do jornalista, escritor, dramaturgo e crítico de arte Artur Xexéo (1951-2021), vítima de uma parada cardíaca apenas duas semanas após descobrir um Linfoma não Hodgkin, interrompeu, no auge, a maturação dramatúrgica que o artista vinha desenvolvendo ao longo dos anos a cada peça que escrevia ou versionava. 

Carioca da gema, Xexéo era um fã das comédias musicais leves, e atingiu o ápice da leveza ao escrever Nós Sempre Teremos Paris (2013), musical alicerçado em cima de história tão simples quanto aliciante de um caso amoroso embalado por alguns clássicos da típica chanson francesa.

Com um conhecimento enciclopédico sobre o mercado cultural brasileiro e talento para escrever focando sempre no entendimento completo do público, o jornalista estabeleceu parcerias com diretores como Tadeu Aguiar, Miguel Falabella, Marília Pêra (1943-2015) e Jacqueline Laurance, entre outros nomes responsáveis por encenar histórias que, se ainda não haviam atingido a total maturidade dramatúrgica, seguia em caminho cada vez mais sólido.

Foi assim com a comédia Minha Vida Daria um Bolero (2019), saborosa comédia estrelada por Françoise Forton e Aloisio de Abreu e embalada por clássicos do bolero, ou mesmo a superprodução Hebe – O Musical, baseado na vida da apresentadora e cantora Hebe Camargo (1929-2012), de quem Xexéo assinou biografia que, se não mergulhava com profundidade na personagem, também não pecava por exageros histriônicos.

Fã da comédia besteirol, transformou o hit da Broadway Xanadu (2012) num grande tributo ao gênero teatral estrelado por amigos como Miguel Magno (1951-2009) e Ricardo de Almeida (1954-1988), e fez Marília Pêra se deleitar com as esquetes que percorriam A Garota do Biquíni Vermelho (2012).

Xexéo, contudo, também sabia fazer drama, e apresentou rara fluência dramatúrgica ao versionar Love Story (2016) e A Cor Púrpura (2019), ambos sob a direção do amigo de fé Tadeu Aguiar, com quem já havia construído pontes sólidas na comédia musical natalina Um Natal para Nós Dois, embalado por clássicos do repertório de Natal.

Seus últimos trabalhos foram boas incursões pelas vidas e obras do músico Angenor de Oliveira, o Cartola (1908-1980), no musical O Mundo é um Moinho, e da atriz e cantora Bibi Ferreira (ano), em Bibi – Uma Vida em Musical, espetáculos que sinalizavam futuro ainda mais promissor na dramaturgia de Artur Xexéo, jornalista que sempre lutou pela criação e manutenção de plateias ao redor do Brasil com a paixão de um fã.

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