Espetáculo que chegou aos palcos de São Paulo em 1966, quando ganhou incensada gravação em disco captada ao vivo no palco do Teatro TUCA, na zona oeste da capital, Morte e Vida Severina retornará ao espaço onde estreou há 56 anos a partir deste mês de abril, quando ganha montagem dirigida por Elias Andreato em parceria com Marco França, que assina a direção musical.
Composto por Chico Buarque de Hollanda a partir do clássico e caudaloso poema de João Cabral de Melo Neto (1920-1999) escrito entre 1954 e 1955, Morte e Vida Severina narra a trajetória de Severino, um retirante que deixa o nordeste a caminho do litoral em busca de oportunidade de emprego e uma forma de sobreviver.
Construído como um auto de Natal, o poema leva a personagem a encontrar outros retirantes e presenciar uma série de mortes, o que faz com que ele passe a encarar a morte não apenas como uma companheira constante, mas também – e, principalmente – a maior empregadora do sertão (afinal, é ela quem emprega o médico, o coveiro, o padre e outros tantos profissionais).
Musicado por Buarque, o espetáculo traz entre suas canções o clássico Funeral de um Lavrador, que ganhou gravação icônica na voz de Tânia Alves para a trilha do filme homônimo inspirado no musical.
Outros artistas como Elba Ramalho e o próprio autor também já registraram a canção, que ganhou sua última gravação em 2014, quando Lílian Valeska pôs sua (magistral) voz a serviço do tema no álbum que registra a trilha do musical Todos os Musicais de Chico Buarque em 90 Minutos, de Charles Möeller e Claudio Botelho.
Sob a produção da Morente Forte, de Célia Forte e Selma Morente, o espetáculo encerrou a seleção de elenco nos primeiros dias deste mês de fevereiro.