Gilberto Gil avaliza livro de memórias de Sérgio Mamberti ao descrever memórias de afeto e política

Gilberto Gil e Sérgio Mamberti

Cantor e compositor que construiu obra magistral ao traduzir a alma musical de um Brasil diverso, Gilberto Gil também se tornou, ao longo dos anos, figura e articulação política com voz internacional para os assuntos ligados aos assuntos da cultura das artes do país. Essa característica o levou a assumir o Ministério da Cultura em 2003, durante o primeiro mandato do então presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT).

A afinidade política ligou o compositor a Sérgio Mamberti ainda em meados das décadas de 1960, quando, juntos, se articularam na resistência contra o período de Ditadura Civil Militar (1964-1986) e afinou laços quando compuseram o Governo Lula.

A amizade e a proximidade política e ideológica são celebradas no texto produzido por Gil para Senhor do meu Tempo, livro de memórias que Sérgio Mamberti põe nas lojas editado via Selo Sesc Edições.

Escrito em parceria com o jornalista e crítico de teatro Dirceu Alves Jr., Senhor do Meu Tempo celebra as oito décadas de vida de Mamberti, além de seus 60 anos em cima dos palcos. Além do texto de Gil, o prólogo é escrito por Fernanda Montenegro, enquanto a apresentação da publicação fica a cargo de Danilo Santos de Miranda. 

Leia abaixo o texto completo escrito por Gilberto Gil para a orelha de Senhor do Meu Tempo:

“Já octogenário, Sérgio Mamberti tem sua biografia escrita e agora publicada em livro que busca dar conta de uma vida cheia de sonhos, alumbramentos e realizações. Como escolheu as artes da representação como ofício, Sérgio Mamberti tem passado a maior parte de sua vida entre os palcos, os estúdios, os sets de filmagens e os vários cenários ambulantes das encenações da militância política cívica e cultural nesses últimos cinquenta anos, no Brasil e além.

Quando o conheci, nos idos da luta profunda que fazíamos todos, jovens engajados no enfrentamento da ditadura e de seus ataques sistemáticos à vida cultural do país, Sérgio e o irmão Cláudio formavam um par inseparável e onipresente. Ambos atores e militantes, estavam em todos os lugares naquela São Paulo fervilhante, daquela juventude apaixonada. Inseparável também do seu grande amor, Vivian, com quem veio a se casar e criar uma família exemplar, Sérgio foi estendendo o seu raio de ação a um território de vivências múltiplas na cultura e na política. Tornamo-nos amigos queridos.

Anos depois, o Ministério da Cultura nos proporcionou compartilhar um interesse genuíno pela formulação e gestão da política cultural do Governo Lula. Um momento de entusiasmo e esperança. e ali pudemos conviver com o dever e a responsabilidade institucional de um setor público carente de imaginação e arrojo, coisas que nos dedicamos a oferecer da melhor maneira que pudemos. Sérgio era um dos grandes entusiastas daquele trabalho criativo. Temos vivas memórias daqueles momentos, e este livro nos dá a oportunidade de visitá-las com a distância enriquecedora do tempo e da reflexão.

Hoje seguimos as nossas trajetórias numa vida que ainda nos mantém próximos no essencial de nossas ambições como artistas e nos nossos sonhos de cidadania plena. E, além de tudo, no gosto pela consideração e na amizade.

Eis aqui o livro sobre a vida de um homem de coração do tamanho do corpo que tem, um corpanzil imenso e generoso em carnalidade e espiritualidade!

Gilberto Gil”.

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