Leia um trecho de Quem Dera o Mundo Quisesse Mais de Mim, romance inédito de Davi Novaes

Davi Novaes | Foto: Divulgacao

Leia abaixo trecho do (ainda inédito) vindouro primeiro romance de Davi Novaes, Quem Dera o Mundo Quisesse mais de Mim, título que lança o artista na seara literária após a publicação de coletânea (Minha Ficção é a Memória) na qual reúne suas duas primeiras peças de teatro, O Que Restou de Você em Mim (encenada em 2018), e a ainda inédita É Mais Difícil Ancorar um Navio no Espaço.

Em Quem Dera o Mundo Quisesse mais de Mim, Novaes narra a história de um jovem que, em busca de memórias de um passado que não viveu, se debruça sobre a memória de uma atriz desconhecida, que narra passagens de sua vida e da história da cultura das artes do Brasil entre as décadas de 1950 e 1990. 

Abaixo o trecho inédito (e exclusivo) de Quem Dera o Mundo Quisesse mais de Mim:

“Falo de mim por já ter falado de várias. Por várias. As palavras que eu dizia, mas não eram minhas. As lágrimas que eu chorei porque era preciso chorar. As roupas que vestiam um corpo que não era o meu. Tantas vidas nessa vida que agora não sabe mais ser aquela primeira, tão distante quanto esquecida. Escrevo, pois as palavras no papel ainda seguem o fôlego que o corpo perdera faz bastante tempo. Nas palavras, aquela que eu sempre fui, no papel aquela que eu sempre quis ser: eterna. É bonito no teatro sempre saber o que falar. É preciso atentar-se ao como. Mas imagino que mesmo sem saber como, nós sabemos contar as nossas histórias. Nós somos elas. Então essas são as minhas, essas são eu. Eu sempre ouvi que você pode mentir para todos, menos para o espelho do seu camarim, e colocando nessas páginas a imagem escrita do reflexo nessa bancada que carrega a minha vida inteira, não minto e conto o que, até agora, só contava para mim mesma, de novo e de novo, como que pra saber que existo. Ainda. O passado é o cavalo que puxa essa carruagem rumo ao futuro, o lugar de todas as chegadas. Espero encontrar alguém por lá. Talvez você. Talvez vocês. Que os aplausos mudos dessa leitura sejam os piscares de olhos, que seguem as linhas como se as palavras fossem essa atriz se movendo nos palcos que existem e resistem num mundo diferente feito de ruas iguais”.

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