Marllos Silva anuncia protocolos da oitava edição do Prêmio Bibi Ferreira e enfatiza: “momento de união e confraternização”

Marllos Silva ao lado de Bibi Ferreira durante cerimônia do prêmio em homenagem a artista idealizado pelo produor

Agendada para a noite de hoje, 20, a oitava edição do Prêmio Bibi Ferreira não apenas marca o retorno da premiação, congelada em 2020 devido a pandemia do Coronavírus, mas também o pontapé inicial da nova retomada de espetáculos que, devido à crise sanitária, tiveram suas temporadas interrompidas e produções congeladas.

“Estamos tentando fazer uma cerimônia que lembre o espírito do prêmio, que é aquele momento de união e confraternização, e acho que o ponto mais importante é que a premiação é o momento de encontro da nossa comunidade. É a reunião de todos para que nossa classe cresça pensando nesse bem maior. Depois de dois anos parados, distantes, longe uns dos outros, acho que vai ser um dos primeiros eventos que vamos reunir as pessoas num mesmo espaço para confraternizar”, avisa o produtor e idealizador da premiação, Marllos Silva.

Quando abrir as cortinas do Teatro Sérgio Cardoso, na Bela Vista, em São Paulo, a premiação pretende lançar os holofotes a um mercado que, a rigor, retornará apenas em 2022 e ainda combalido pelas sucessivas perdas (ao menos quatro indicados concorrem a estatuetas póstumas).

“Vamos homenagear as pessoas que perdemos nos últimos dois anos, e acho que ainda não sentimos efetivamente o impacto dessas perdas, não só para a Covid, mas muita gente deixou de trabalhar. A parte técnica, os atores, o teatro não conseguiu sustentá-los neste período, e vamos sentir esse baque a partir do ano que vem quando o teatro voltar efetivamente com força”, explica.

A premiação deste 2021 olhará para produções que estrearam antes da pandemia, sem abarcar o mar de espetáculos online que, em 2020, deram certa sobrevida ao mercado. A opção, avisa Marllos, foi num esforço para manter o prêmio dentro de suas características originais. 

“Preferimos manter esse escopo e não ir para o online porque a maioria dos espetáculos característicos do prêmio não foram para o online, e esse é um formato que tem uma série de características que são mais difíceis de serem avaliadas. Como eu vou premiar, por exemplo, um designer de som, ou a luz, que perde muito? São linguagens muito diferentes. Você deixa de estar sentado no teatro para se sentar à frente de uma tela, são artes diferentes”, conceitua Marllos.

“O teatro, para mim, é presencial com o público, que você assiste confraternizando com outras pessoas, e o online deixa de ser teatro porque vira uma outra linguagem. Eu preferi que não corrêssemos o risco. São esferas artísticas diferentes, então como já tinhamos pouco mais da metade dos espetáculos que iriam participar eventualmente da cerimônia, achei que devíamos seguir com esta escolha”.

Os espetáculos que entraram no escopo foram, em sua maioria, os que estrearam entre o segundo semestre de 2019 e o primeiro trimestre de 2020, fazendo com que a premiação tivesse o quórum mínimo para seguir com uma cerimônia capaz de abarcar o maior número possível de obras, diferente de sua inspiração norte americana, o Tony Awards, que sofreu com o número limitadíssimo de indicados.

“Diferente do Tony, que entregou as estatuetas depois dos números musicais, vamos manter o mesmo formato dos anos anteriores, até porque o Tony, quando parou, não conseguiu avaliar ninguém. Nós já tínhamos um semestre e meio de espetáculos que os jurados haviam acompanhado, então conseguimos um panorama, e não quisemos que estes trabalhos ficassem no limbo”.

Com convites restritos e um número bem menor de convidados seguindo à risca as restrições para combate e prevenção á Covid-19, a oitava edição do prêmio contará com transmissão gratuita através de seu canal oficial e da plataforma do #CulturaemCasa, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo. A transmissão é, na concepção do produtor, mais um passo para a sonhada transmissão da premiação em redes de TV.

A ideia da transmissão em larga escala é uma batalha desde a segunda edição do prêmio, quando Marllos iniciou uma série de conversas com redes de TV aberta e TV a cabo. “Os executivos de TV é que não tem interesse, o público tem! Desde que vimos a proporção do prêmio, o quanto ele chegou no público e o quanto gera de interesse para assistir, passamos a ir atrás dos canais de TV para mostrar o conteúdo, com grandes convidados, grandes estrelas das artes, números musicais, mas nunca há interesse”, revela.

“Se me pedissem para adequar para a TV, já estaria pronto. O escopo está pronto, a premiação é montada de forma que possa haver uma transmissão com os três, quatro minutos de comercial. Já falamos com o Arte 1, com a TV Cultura, com o Multishow, mas a saga que é para tentar a transmissão é a mesma para conseguir recursos financeiros. Sempre vamos falando, falando e, quando chega no alto escalão, alguém barra”, conta o produtor, que já teve conversas avançadas com a TNT, que só não fechou o negócio por ter uma transmissão voltada para a América Latina em geral.

“O que é uma loucura, porque a qualidade técnica dos espetáculos na América Latina em geral é mais baixa do que vemos em São Paulo, por exemplo. Espetáculos como Charlie e a Fantástica Fábrica de Chocolates e Donna Summer – O Musical dificilmente acontecem na Argentina. Acontece uma ou duas produções, mas como aqui, com teatros prontos para receber esses produtos, com equipes técnicas, com atores preparados, não”.

Com indicados do quilate de Irene Ravache, Juca de Oliveira, Monique Gardenberg, Ulysses Cruz, Leonardo Miggiorin, Andréia Horta, Marjorie Estiano, Cássio Scapin, Daniel Dantas, Jesuíta Barbosa, Totia Meirelles, Sérgio Menezes, Mira Haar, Tarcísio Meira (1935-2021) e Sérgio Mamberti (1939-2021), o Prêmio Bibi Ferreira seguirá premiando o teatro musical e o teatro de prosa com regras que, em edição passada, causaram certo incômodo na classe teatral.

Críticas borbulharam pelo fato de a premiação exigir que peças de teatro ocorram em teatros de no mínimo 400 lugares com 20 apresentações regulares (a nível de comparação, espetáculos musicais devem cumprir 12 apresentações em teatros sem lotação mínima).

O produtor explica: “Não tenho vergonha de dizer que o Bibi é um prêmio do teatro comercial. Os outros prêmios abarcam todo mundo, tendo como foco o trabalho de pesquisa, o teatro experimental, e abandonam um pouco o teatro comercial. eles têm aversão ao teatro comercial, e o Bibi se volta para esse mercado. Se a gente pegar o APCA, ele vai premiar a Cia. do Latão, Os Satyros, mas dificilmente vão premiar um Antônio Fagundes ou um Marcos Caruso da vida, e é neles que queremos focar”, finaliza.

A transmissão do Prêmio Bibi Ferreira acontece a partir das 19h, quando tem início o tapete vermelho. A cerimônia começará às 20h com apresentação de Miguel Falabella e Alessandra Maestrini.

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