Atriz que sempre mostrou (boa) aptidão para o canto, Patrícia Gasppar chegou a explorar sua faceta de cantora em cena defendendo personagens através de espetáculos como Florilégio Musical – Nas Ondas do Rádio (2013), o solo Na Nuvem (2019) e, mais recentemente, na tragicomédia Piso Molhado (2019).
Contudo, ainda falta a Gasppar a chance de se comprovar a boa cantora que sempre deixou transparecer através de suas passagens pelo teatro. Durante o isolamento social provocado pela necessidade de quarentena de prevenção e contenção do novo COVID-19 (Coronavírus), a atriz vem explorando seus dotes vocais com mais constância e (até) pretensões musicais.
Em Música para Quarto, Sala, Cozinha, Banheiro e Adjacências, projeto no qual interpreta canções à capella em cômodos de sua casa, Gasppar tem posto sua voz a serviço de repertório de alta estirpe, valorizando sua veia interpretativa. Temas como Brasileirinho (Waldir Azevedo, 1947), E O Mundo não se Acabou (Assis Valente, 1930), De Onde vem o Baião (Gilberto Gil, 1978), Desde que o Samba é Samba (Caetano Veloso, 1993) e Linha de Passe (João Bosco, Aldir Blanc e Paulo Emílio, 1979) ganharam a voz encorpada da atriz.
Ao lado do violonista Sérgio Bello, Gasppar se aventurou com delicadeza pungente pela singela Dindi (Tom Jobim e Vinicius de Moraes, 1965), provando que, acompanhada, pode mais. Ao fim do período de quarentena, quando as aglomerações em volta de espetáculos voltarem a fazer parte do calendário do público, não haverá surpresa se Patrícia Gasppar decidir levar seu projeto musical para os palcos, valorizando, enfim, a boa cantora que sempre foi.