Saída de Leandro Lehart da direção do Centro Cultural acena para dificuldades no diálogo entre a classe e Secretaria de Cultura

Leandro Lehart | Foto: Divulgação

A súbita saída do músico Leandro Lehart do cargo de direção do Centro Cultural São Paulo há dois dias, menos de um ano após tomar posse ainda durante a gestão do secretário Alê Youssef, é apenas mais um exemplo da dificuldade que a classe artística tem encontrado de travar diálogo com a Secretaria Municipal de Cultura sob a gestão de Aline Torres (MDB).

Convidada pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB) a assumir a pasta após a saída de Yousseff, em agosto de 2021, Torres viu sua nomeação celebrada na classe artística por ser figura capaz de levar à Secretaria um perfil plural e diverso, alinhado a pautas de igualdade e representatividade dentro do setor cultural.

Contudo, menos de um ano após assumir, a secretária de cultura vem enfrentando queixas constantes de falta de comunicação da pasta com grupos de produtores, coletivos e companhias. O atraso no pagamento de projetos contratados pelo Centro Cultural São Paulo, por exemplo, foi fato que pesou na decisão de Lehart de deixar o cargo de direção, como contou em entrevista à coluna Painel, da Folha de S. Paulo.

De acordo com Lehart os atrasos nos pagamentos se arrastam por meses porque cada contrato passa pela mesa da secretária, que os analisa um a um causando assim uma fila difícil de ser sanada.

Procurada para comentar as declarações do músico, a Secretaria Municipal de Cultura não respondeu aos e-mails do Observatório até a publicação desta matéria, contudo, interlocutores de dentro da pasta acreditam que a saída de Lehart foi intempestiva, uma vez que, apenas a seis meses à frente da pasta, Torres vem buscando alinhavar e analisar as contratações para manter as contas em ordem.

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Ironicamente, o motivo que alegou ao deixar a direção do CCSP foi também o mesmo motivo que levou Lehart a ser enxergado com alguma desconfiança ao assumir o cargo, em maio de 2021. O artista foi acusado de promover trocas de cadeiras sem estabelecer um diálogo com os funcionários do centro cultural.

Em post em suas redes sociais à época, o então curador do setor teatral, Kil Abreu, se queixou de ser informado de que precisaria entregar o cargo sem jamais ter sido recebido pelo novo diretor para discutir os projetos implementados e aqueles que ainda estariam em andamento ou em negociação.

Em nova publicação em seu perfil oficial do Facebook, repercutindo a saída de Lehart, Abreu escreveu “Demitir alguém do equipamento sem nem ao menos conhecer, sem receber, sem conversar e sobretudo sem saber o que a pessoa desenvolve ou tenta desenvolver ali na função pública é desrespeitoso, sim. Foi o que ele fez comigo quando chegou ao CCSP no ano passado. Não quis saber, não me recebeu, simplesmente mandou um assistente avisar que queria o cargo. Desrespeitoso”, escreveu o jornalista (leia abaixo o post na íntegra).

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