10 profissionais da dramaturgia para se lembrar além do Dia da Consciência Negra

Dione Carlos - Foto: Divulgação

Celebrado neste dia 20 de novembro, o Dia da Consciência Negra é, desde seus primórdios, uma data de luta por igualdade, respeito e direito à sobrevivência do povo preto do que necessariamente um dia de comemoração. A morte de João Alberto Ferreira Freitas, vítima de crime de racismo quando seguranças de supermercado da rede Carrefour o espancaram até a morte nesta quinta-feira, 19, exemplifica esta luta de séculos.

No teatro não é muito diferente. Foi necessário um par de séculos para que houvesse um movimento de equidade para artistas, técnicos e produtores pretos colocarem suas obras sobre o tablado de grandes teatros, com a mesma cobertura e importância da mídia e do público para espetáculos de profissionais brancos.

Desde a streia do Teatro Exerimental Negro, de 1945, até o surgimento de companhias, coletivos, grupos e movimentos, a classe artística negra busca o reconhecimento e a popularidade para os resultados de suas pesquisas de linguagem e temáticas para além de celebrações em datas específicas, como a que está em questão. 

O Observatório lista abaxio 10 profissionais negros da dramaturgia que, na última década, imprimiram seus nomes, conceitos e linguagens no teatro nacional e merecem ser celebrados para além de um dia.

1- Maria Shu

Maria Shu - Foto: Christiane Forcinito
Maria Shu – Foto: Christiane Forcinito

Um dos principai nomes da dramaturgia nacional, Maria Shu escreve há uma década e é uma das dramaturgas mais montadas e celebradas fora do Brasil. Entre seus textos mais icônicos estão Giz, O Sorriso da Rainha e o infanto-juvenil Quando eu Morrer vou Contar Tudo a Deus.

2- Dione Carlos

Dione Carlos | Foto: Lilian Dias
Dione Carlos | Foto: Lilian Dias

Outro nome que ocupa os principais espaços teatrais da cidade, a carioca Dione Carlos é celebrada como uma das dramaturgas mais impactantes da última década. Já trabalhou com companhias como o Club Noir, a Cia. do Mofo e a Cia. Livre. Entre suas obras mais icônicas estão Ioladês e o mais recente Black Brecht – E Se Brecht Fosse Negro?

3- Jô Bilac

Jô Bilac - Foto: Divulgação
Jô Bilac – Foto: Divulgação

Um dos principais nomes da dramaturgia no Rio de Janeiro, o carioca multipremiado Jô Bilac é um dos profissionais mais celebrados do gênero. Com 15 anos de carreira e com uma visão mordaz sobre questões humanas como a solidão, a sede pelo poder e os laços familiares, Bilac tem entre seus principais trabalhos estão Conselho de Classe, Insetos, P.I – Panorâmica Insana, Fluxorama, Beije Minha Lápide, entre outros.

4- Luh Mazza

Luh Mazza - Foto: Anne Freitas
Luh Mazza – Foto: Anne Freitas

Celebrada como roteirista, a escritora carioca (radicada em São Paulo) é autora e mais de 10 peças de teatro encenadas entre Rio de Janeiro, São paulo e Portugal. Entre suas obras mais célebres estão Carne Viva, Três T3mpos, Restos e A Memória dos Meninos.

5- Aldri Anunciação

Aldri Anunciação - Foto: Divulgação
Aldri Anunciação – Foto: Divulgação

O dramaturgo e ator baiano escreveu alguns dos textos considerados mais relevantes da última década, entre eles Namíbia, não! (2011), O Campo de Batalha (2015) e A Mulher do Fundo do Mar (2016). Em 2019, seu texto Embarque Imediato foi encenado como comemoração dos 80 anos de vida do ator Antônio Pitanga.

6- Grace Passô

Grace Passô - Foto: Divulgação
Grace Passô – Foto: Divulgação

Com 15 anos de carreira dramatúrgica, a mineira Grace Passô é um dos principais nomes da dramaturgia brasileira, com trabalho celebrado na Europa e na américa Latina. Seu primeiro texto, Pour Elise (2005) é um considerado uma das melhores dramaturgias do século e lhe rendeu um Prêmio Shell. Entre suas obras mais relevantes estão ainda Vaga Carne (2016) e Mata teu Pai (2017).

7- Jé Oliveira

Jé Oliveira - Foto: Divulgação
Jé Oliveira – Foto: Divulgação

Primeiro diretornegro a receber um Prêmio APCA em 60 anos de existência da associação, Jé Oliveira é considerado também um dos principais dramaturgos paulistanos por construir uma linguagem em que leva a periferia para o centro da discussão em tom crítico e poético. Sua obra mais contundente, Farinha com Açúcar ou Sobre a sustança de Meninos e Homens é um dos melhores espetáculos da década passada por levar ao palco a obra do grupo Racionais Mc’s. O dramaturgo também é celebrado por adaptar e “empretecer” o clássico Gota D’Água, de Chico Buarque de Hollanda e Paulo Pontes (ano).

8- Jhonny Salaberg

Johnny Salaberg - Foto: Divulgação
Jhonny Salaberg – Foto: Divulgação

O jovem ator, bailarino e dramaturgo paulista se tornou um dos principais nomes da dramaturgia paulistana graças a encenação de seu segundo texto, Buraquinhos ou o Vento é Inimigo do Tucumã, no qual aborda o genocídio da população negra, peta e jovem nas periferias. O autor foi o primeiro dramaturgo negro a conseguir o primeiro lugar na IV Mostra de Dramaturgia em Pequenos Formatos Cênicos, do Centro Cultural São Paulo e teve o texto publicado pela editora Cobogó.

9- Cidinha da Silva

Cidinha da Silva - Foto: Elaine Campos
Cidinha da Silva – Foto: Elaine Campos

Autora de três obras dramatúrgicas, a escritora mineira Cidinha da Silva é não só uma das escritoras mais lidas do Brasil, mas também uma das dramaturgas mais celebradas das últimas décadas. Embora tenha produzido pouco, suas três obras para o teatro são consideradas algumas das mais contundentes da produção moderna. São elas: Sangoma – Saúde às Mulheres Negras encenada pelo grupo Capulanas Cia. de Arte Negra em 2012, Engravidei, Pari Cavalos e Aprendi a Voar sem Asas (2013) e Os Coloridos (2015), ambas produzidas pelo grupo Os Crespos.

10- Rodrigo França

Rodrigo França - Foto: Divulgação
Rodrigo França – Foto: Divulgação

O ator, produtor, diretor, agitador cultural e dramaturgo carioca é uma das principais vozes teatrais do Rio de Janeiro. Seus textos, O Inimigo Oculto, sobre a violência doméstica, e O Pequeno Príncipe Preto, voltado às crianças, se tornaram duas das principais produções dramatúrgicas da última década. Em 2021, o artista estará à frente da adaptação Macbeth Preto, no qual “empretece” a peça escocesa de William Shakespeare (1564-1616).

Notícias relacionadas