Celebrando o universo gay, Coletivo Inominável estreia peça sobre ser viado em São Paulo

Inhai Coisa de Viado | Foto: Giovanni Fernandes

Grupo que, há quatro anos, vem desenvolvendo linguagens cênicas baseadas em diferentes nortes de pesquisa, o Coletivo Inominável estreia no próximo dia 06 de setembro, sexta-feira, Inhai – Coisa de Viado, peça na qual busca investigar a identidade gay partindo da pergunta “o que é ser viado na cidade de São Paulo em 2019?”.

“Buscamos entender onde começaram os reforços negativos, os estereótipos e de como essas engrenagens permanecem sendo atualizadas”, explica Cezar Zabell, diretor e dramaturgo. “Começamos a nos perguntar sobre a quem interessa reforçar negativamente a nossa imagem, e quais verdades absolutas continuam sendo reproduzidas até por aliados da causa, como o conceito de que todo homofóbico é um gay enrustido”, pontua o diretor.

A encenação conta, então, com elenco formado por Cayke Scalioni, Ferando Pivotto, e a drag queen Alexia Twister – um dos destaque da encenação anterior do grupo, a febril montagem de A Casa de Bernarda Alba (2017), de García Lorca. Pivotto, que também assina a dramaturgia, acredita que o espetáculo esteja para além de uma simples encenação.

“O espetáculo é um ponto de encontro, um convite pra todo mundo ficar junto, trocar ideia, olhar pra questão além dos estereótipos que todo mundo conhece tão bem”, pontua o ator, diretor e dramaturgo, que também acredita ser uma forma de investigar o lugar social que os componentes do grupo também abitam.

“Os viados do Coletivo se reuniram ao redor da pergunta um pouco pra repensar nosso lugar no mundo, um pouco pra gente celebrar a viadagem (a nossa e a de tantos outros viados incríveis), um pouco pra criarmos um espaço onde nós, os viados do Coletivo, podemos nos encontrar com a plateia e falar sobre esse assunto, um lugar de troca, de partilha de dúvidas, de impressões, das coisas que a gente viveu e estudou”, conceitua.

Apresentando dados históricos, notícias recentes, estudos científicos, e tomando como base o estudo de livros como Devassos no Paraíso (2000), de João Silvério Tevisan, documentários como São Paulo em Hi-Fi (2013), de Lufe Steffen, e perfis em aplicativos, o grupo busca utilizar de linguagens como a do teatro documentário para levantar as discussões numa espécie de espetáculo-celebração que também relembra os cinquenta anos das lutas pelos direitos LGBTQI+ ao redor do mundo.

Utilizando já no título a variação da expressão “e aí”, popularizada pela atriz e drag queen Silvety Montilla nas noites de São Paulo, Inhai – Coisa de Viado cumpre curta temporada de 06 a 28 de setembro no Teatro Pequeno Ato, na Vila Buarque, zona central da capital, com sessões as sextas-feiras e aos sábados, sempre às 21h. Os ingressos custam de  R$ 20,00 (meia) a R$ 40,00 (inteira).

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