“Esse homem está no lugar errado”, diz Zezé Motta após ter nome excluído de lista da Fundação Palmares

Zezé Motta - Foto: Divulgação

Nome essencial na luta pelos direitos de artistas negros e pelo movimento antirracista nas artes, a atriz e cantora Zezé Motta se pronunciou na manhã desta quinta-feira, 12, menos de 24 horas após ter seu nome excluído da lista da Fundação Palmares de personalidades negras importantes para a história do Brasil.

A decisão do atual presidente da Fundação, Sérgio Camargo, é de que apenas personalidades negras que já morreram farão parte da lista pública. Nomes como Elza Soares, Gilberto Gil, Martinho da Vila, a ex-senadora Marina Silva e Zezé Motta tiveram seus nomes riscados da lista.

“Eu nunca imaginei que, depois da ditadura, passaríamos por esse momento” diz, em nota, a atriz que se tornou nome essencial no combate ao racismo estrutural dentro das artes, enfrentando dogmas e tabus da sociedade desde que despontou, em meados da década de 1960, com a encenação de Arena Conta Zumbi (1965), de Augusto Boal (1931-2009). Confira abaixo a nota completa:

Acordei com a imprensa me ligando para saber o que penso sobre ser excluída da lista das personalidades negras que marcaram o Brasil pela Fundação Palmares.

Eu nunca imaginei que, depois da ditadura, passaríamos por esse momento. Eu estive na inauguração da Fundação Palmares, em 1998, que nasceu em defesa da cultura negra. Sim, eu disse DEFESA! Esse homem está no lugar errado e como eu já disse uma vez, ele é um alienado! 

Não existe a Fundação Palmares retirar ‘nomes vivos’ da lista de personalidades negras. Não existe retirar Gilberto Gil, Martinho da Vila, Elza Soares e tantos outros nomes que admiro e respeito.

Com tantas ações e medidas a serem realizadas em favor da cultura negra, com tanto trabalho para ele se ocupar, porque o senhor Sérgio Camargo prefere perder o tempo dele e de uma entidade pública brasileira retirando homenagens justas para personalidades que tanto fizeram por este país? 

É inacreditável. 

Esse é o Brasil, que nós vivemos. 

Sem mais, 

Zezé Motta.

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