Intérpretes de Evita, Claudya e Vera Canto e Mello movimentam The Voice+ e escancaram desconhecimento de jurados

Claudya e Vera do Canto e Mello | Foto: Divulgação

Programa dominical que tem ganhado destaque e repercussão nas redes sociais – ainda que ofuscado pela exposição massiva da 21ª edição do Big Brother Brasil – o The Voice + trouxe em suas últimas duas exibições as participações de duas artistas – atrizes e cantoras – essenciais para o teatro musical brasileiro.

No último domingo, 31, a cantora Claudya causou polêmica com sua participação ao expor o desconhecimento e falta de memória musical dos quatro jurados, que não reconheceram a cantora de mais de 40 anos de carreira. Nem mesmo a interpretação de seu sucesso Deixa eu Dizer levou os jurados a reconhecê-la.

Não foi a primeira vez, é claro. Outros cantores como Dudu França e Leila Maria também não foram reconhecidos, a despeito de o primeiro ter conquistado sucesso massivo entre as décadas de 1970 e 1980, e de a segunda já ter vencido prêmios importantes, como o Prêmio da Música Brasileira, e angariado indicações ao Grammy.

O programa deste domingo, no entanto, trouxe outra grande surpresa neste que é, de todos, o programa com melhor elenco já audicionado no The Voice. Interpretando o clássico My Favorite Things, a candidata Vera Canto e Mello conseguiu que os quatro jurados – Daniel, Mumuzinho, Ludmilla e Claudia Leitte – virassem suas cadeiras, mas não escapou do desconhecimento dos jurados, que não tinham ideia não só da trajetória artística da candidata, como também não faziam ideia se tratar da professora de canto mais importante do Rio de Janeiro.

Mas a participação de Canto e Mello no programa traz outro fator ainda mais interessante à competição. Em 1982, a artista disputou o papel-título do musical Evita, montado no ano seguinte, com sua colega de reality, Claudya. 

À época, Canto e Mello buscou com o diretor Maurício Sherman (1931-2019) uma audição para o papel de Eva Perón (1919-1952) no musical de Andrew Lloyd Webber e Tim Rice. Embora já tivesse convidado Claudya para o papel após uma recusa de Bibi Ferreira (1922-2019), Sherman permitiu que a artista fizesse a audição e os produtores decidiram que ela alternaria o papel no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro.

Claudya angariou o sucesso popular no papel, lançando um single com a versão em português do hit Don’t Cry for me Argentina, mas Canto e Mello se sagrou como um dos principais nomes do teatro musical no Brasil, angariando convites paras outros papéis – embora sempre fosse resistente a aceitar o que não considerasse a sua altura.

A participação de ambas as intérpretes de Eva Perón no The Voice + acende a possibilidade de uma revalorização destas personas e pode ser interessante, anos depois, acompanhar um possível dueto entre duas grandes intérpretes que, há quase 40 anos, disputaram as atenções pela popularidade de um papel e, desta vez, têm a chance de saírem igualmente gigantes de um programa que falta apenas engrandecer seus jurados.

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