Responsável por derrubar muros e promover intercâmbio entre teatro e dança, Marilena Ansaldi sai de cena aos 86 anos

Marilena Ansaldi em Depois de Tudo | Foto: Divulgação

Saiu de cena na manhã desta segunda-feira, 09, aos 86 anos, a atriz, bailarina e diretora paulistana Marilena Ansaldi (1934-2021), celebrada como a primeira bailarina solista do Theatro Municipal de São Paulo e o principal nome a derrubar barreiras e criar uma obra híbrida entre o teatro e a dança no Brasil.

Vítima de problemas pulmonares sem relação com a Covid-19, Ansaldi traz em sua história a autoria e produção de uma série de espetáculos que ajudaram a dimensionar movimentos culturais tanto em São Paulo quanto no exterior.

A trajetória da artista abarca desde passagens pelo Teatro de Bolshoi, em Moscou, na Rússia, até a adaptação do clássico Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues (1912-1980) no Balé de Câmara de São Paulo.

Como atriz, Ansaldi estrelou em 1975 o consagrador Isto ou Aquilo, sob a direção de Iacov Hillel (1949-2020), e expandiu a parceria com diretores como Celso Nunes, Cibele Forjaz e José Possi Neto, responsável por reverter a aposentadoria da artista, anunciada em 2008. Neto voltou a levar Ansaldi aos palcos com a encenação de Paixão e Fúria, Callas – O Mito, em 2017, híbrido entre teatro, dança e ópera que reacendeu o desejo da artista de estar em cena.

Seu último espetáculo foi em 2019 com o solo pseudo biográfico Depois de Tudo, sob a direção de Anselmo Zolla, que lhe rendeu indicações a prêmios e bem sucedidas temporadas em São Paulo.

Ao longo de mais de 60 anos de trajetória, Ansaldi recebeu três prêmios APCA (1975, por Isto ou Aquilo; 1979, por Um Sopro de Vida; 1991 por Clitemnestra), dois Molière (1975, também por Isto ou Aquilo; 1987 por Hamletmachine) e um Mambembe (1979, por Um Sopro de Vida).

Marilena ansaldi sai de cena como a precursora de um movimento de quebra de barreiras e a construção de linguagem híbrida, hoje muito em voga, mas que, não fosse o legado da atriz, não seria utilizado hoje com a constância que é por nomes como Ivaldo Bertazzo, por exemplo.

Notícias relacionadas